terça-feira, 25 de outubro de 2011

ser, só.

minha palavra não quer ser, tampouco parecer o que deve, como eu também não quero, mesmo estando propício ao lado oposto da vida, chavear-se não é esconder-se, nem mesmo fujir do que parece, encontrar-se é mais confuso que perder-se mesmo não havendo opção de ser o que talvez parece, ser desde o nascer, talvez ser seja mais aparente, do que ter desde o nascer, para ser de repente, nada que me faça temer agora esse jeito de ser, jeito bom de se deixar viver.

domingo, 16 de outubro de 2011

no ápice

sim, eu sei que ainda falas no meu nome, o quanto és sincero consigo mesmo nas horas de caos, serias novidade pra mim se um dia cruzares aquela porta serei tão frio que voltarás atrás daquela semente a qual jogastes um dia pela janela da minha residência, a qual me deu um pé de dor, enorme, rachastes as paredes de minha casa com tua má fé, com teus olhos de dor feristes meu peito a ferro a fogo, e com tua bruxaria, feiticeira barata, me jogou no precipício, o qual pensei que não suportaria, mas com tanta agonia que jazia e corria em minhas vias flutuei em meu próprio ser como se fosse possível tornar-se fantasma do vão, vácuo profundo, sem fundo, éramos assim, donos de um línguajar marcante, donos das concordâncias, usávamos sem preponderância, hoje ciciamos um do outro, somos atônitos aos encontros, em límpidos momentos de pura desordem de súbito.

dor de puta

ela vem urrado sua dor cardíaca, puta que pariu, ela quem chama, e não gosta da mãe, é tão santa, ronda a cidade na madrugada drogada, alcoolizada desde a semana passada, parida de uma ressaca braba, da qual não consegue livrar-se, traz a beleza, na cara, nos olhos azuis, dona desta beleza, da manhã acesa, da ferida acesa, dói tudo, mas ela vem sorrindo, com vontade de chorar.

sábado, 15 de outubro de 2011

reza

criei esta atmosfera protetora em torno de mim, para não ter que me expor a tanta hipocrisia, esse mal cheiro de sempre, me dói no saco, vou fazer promessa, vou pedir a todos os santos, a tudo que é deus, e eu sei, ele me abrirá portas, porque ele está pra abri-las como também ele está pra fechá-las, vou rezando que o que tem de fita de santo no braço, tô cheio, tô fora, tô dentro, uma roseira exala essa beleza, que é sentir, sentir de tudo, o cheiro das rosas orvalhadas de manhã, me traz lembranças, das quais não posso citar, me puxa pelos pés, me leva pra chuva, me molha, e me sacode, me bota no samba, me roda, na roda, baiana, na reza, vim pra bahia, me joga no samba, me roda, que vim pra sambar.

sábado, 1 de outubro de 2011

xangô

e vai severina, descendo e subindo a
ladeira da vida, vai cantar,
vai dançar pra joão e josé uma linda
melodia, vai soltando a voz
e as pernas na mesma ladeira, ladeira
de dor, rancor e agonia,
maldita mazela, de noite e de dia, uma
 dor na cabeça e traz outra na vida,
mas agradece feliz, sinal que está viva, e
vai-se severina mais uma vez
descendo e subindo a ladeira da vida,
dizendo a joaquim que já é hora,
e diz mais que já passou, mas na verdade ela
vai toda noite no terreiro
agradecer a xangô, o bem da vida, e lá ela
se solta no bater do tambor.