sexta-feira, 26 de novembro de 2010

camaleón

hoje foi possível ver o céu mais claro, a revolução passou, mas eu sei
que volta, por que sempre voltou, voltou sempre que passou, o dia foi
muito quente e as gotículas de suor marcaram o caminho e a cara não mente,
não esconde a dureza da semana, esses últimos dias tem sido dureza mesmo,
além de um pouco de frieza em tudo, não alterou muita coisa, me adapto bem
a tempos ruins, principalmente esse, em que eu fui mudando, sofrendo mutações,
e me adaptando, como um camaleão que furte cores.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

onde estive de noite?

ando tão cansado, cansado de procurar felicidade e não encontrar, procurar meticulosamente em cada parte da casa,cadê felicidade? onde se esconde?
ontem revirei uma, duas, três, quatro mil vezes de tédio, em cima da cama, meu corpo suava, eu sentia chamas, eu sentia incêndio na casa, no quarto, na cama, em mim, um chiar na alma se misturava com latir dos cães, na rua, e o miar dos gatos, no telhado, e faziam uma dissonância, e na verdade eu era a dissonância naquele inferno eufórico, em que eu comecei a emitir alguns sons sem medidas de volume, era macumba, era resposta e saída daquilo tudo, manifesto de tons, de cores, de sons, de dor, a carne nua-crua-viva estalava em conjunto com o ponteiro dos segundos do relógio,e eu fui aguçando os ouvidos até me concentrar apenas nos tilintar, e fui me acalmando, fui virando leão de presas curtas, sem rugir pra o teto, apenas ouvindo o batuque das minhas piscadelas, que me diziam que a mais louca forma de dormir é dormir sem ter acordado e acordar pra dormir.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

rapariga da quinta

coração selvagem vai se alienando, se estilaçando, procurando outros meios de doer, me lembro bem daquele rapariga da quinta que tomamos, me deixou com saudades, de cada gole, ela estava do meu lado, deixou apenas uma lembrança, a marca dos lábios com batom, o franzir deles na taça, e algumas palavras, alguns olhares, que me diziam alguma coisa, a qual não fui capaz de desvendar, e desvendei sim, numa transa louca, de olhos, narizes, bocas, peitos, ombros, braços, barrigas, genitálias, bundas, pernas, nús, nos envolvendo, nús de corpo, nos matando de prazer, nús de alma, nos entrelaçando e nús de nós mesmos.

variabilidade

detesto pessoas não resolvidas com sua nudez, aquelas que só exergam seu corpo do pescoço para cima e não sente a docilidade de ser o que é, independente de genitália, homem ou mulher, por que é tolice não sentir o próprio prazer, de cada ser, cada corpo, cada sexo.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

parte-mim vol2

ando atordoado, trocando as palavras, os idiomas, deixo as frases pela metade, não termino minhas entrelinhas, não termino de ler os livros, não termino as músicas, não termino conversas, não termino desenhos, não termino os filmes, estou ligado apenas ao término das ondas, as ondas do mar do amor que bateu em mim, a única coisa que it's up me no momento, quero apenas caber-me, ouvi um dia desses que antes de tudo é preciso cair na realidade farta, tired of all, wanna just more one step for fly, e, and, y, et, en...

parte-mim

trabalho em traduzir-me, esse todo mundo que sou, em não dá razão, mas dá significância as coisas, coisas que me cercam, coisas fora do alcance da mão, coisas abstratas, coisas palpáveis e não palpáveis, sinto elas aos poucos com cautela, essa é a chave, sentir e sentir, uma vez eu me disse: apenas sinta, e eu senti, quando aconteceu não esperava, era pra não esquecer, esqueci metade, trabalho nessas coisas, nas quais me sinto louco e lúcido, não importa o momento, deixo tudo acontecer, com cautela, é tudo muito imprevisível, o inesperado quer chegar: eu deixo.